A doença de Kienböck é uma condição rara, mas potencialmente incapacitante, que afeta o punho e pode comprometer de forma significativa a função da mão. Ela ocorre quando o osso semilunar, uma das estruturas centrais do punho, sofre necrose avascular — ou seja, perde o suprimento de sangue e começa a morrer lentamente. Isso gera dor progressiva, perda de força e limitação dos movimentos.
Muitas vezes confundida com tendinites ou outras dores articulares, a doença de Kienböck costuma evoluir de forma silenciosa. Por isso, reconhecer os sintomas precoces e entender as causas e fatores de risco pode fazer toda a diferença no diagnóstico e no sucesso do tratamento.
Neste artigo, você vai descobrir o que é a doença de Kienböck, quais são os sintomas mais comuns, o que pode estar por trás do seu surgimento e quais são as opções de tratamento disponíveis, desde abordagens conservadoras até cirurgias especializadas.
A doença de Kienböck é uma condição ortopédica rara que afeta um dos pequenos ossos do punho, chamado semilunar. Esse osso tem a função de ajudar na mobilidade e estabilidade da articulação do punho, sendo essencial para atividades simples do dia a dia, como segurar objetos ou girar a mão.
O problema ocorre quando o fluxo sanguíneo para o semilunar é interrompido, provocando uma necrose avascular, ou seja, a morte progressiva do tecido ósseo por falta de irrigação.
Com o passar do tempo, essa interrupção no suprimento de sangue leva ao enfraquecimento do osso, que pode começar a se fragmentar ou colapsar. Como consequência, o punho perde parte da sua estrutura e alinhamento, gerando dor persistente, limitação dos movimentos e, nos casos mais avançados, alterações degenerativas semelhantes à artrose.
É uma doença que tende a evoluir lentamente, por isso pode passar despercebida nos estágios iniciais.
A progressão da doença é classificada em estágios, que vão desde pequenas alterações estruturais visíveis apenas por ressonância magnética, até o colapso total do semilunar e desgaste das outras articulações do punho.
Se não for identificada e tratada precocemente, pode causar perda funcional significativa. Por isso, conhecer os sinais e entender como essa condição afeta o punho é o primeiro passo para buscar diagnóstico e tratamento adequados.
As causas exatas da doença de Kienböck ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que ela esteja relacionada a uma combinação de fatores anatômicos, mecânicos e vasculares que comprometem o fluxo sanguíneo para o osso semilunar.
Um dos principais fatores de risco é a presença de uma variação anatômica chamada ulna curta, em que o osso do antebraço (ulna) é ligeiramente menor do que o normal em relação à tíbia (rádio). Essa diferença pode gerar maior pressão sobre o semilunar, favorecendo microtraumas repetitivos.
Além disso, traumas diretos no punho, como quedas sobre a mão espalmada ou impactos frequentes durante a prática de esportes, também estão associados ao início da doença. Embora nem todos os pacientes relatem uma lesão específica, a repetição de pequenos traumas ao longo do tempo pode afetar os vasos sanguíneos que irrigam o osso e desencadear o processo de necrose.
Outros fatores de risco incluem distúrbios circulatórios, como lúpus, anemia falciforme ou doenças autoimunes, que prejudicam o fornecimento de sangue para as extremidades do corpo. O tabagismo também é considerado um agravante, pois compromete a oxigenação dos tecidos e retarda a recuperação celular.
Em muitos casos, a condição afeta adultos jovens, entre 20 e 40 anos, sendo mais comum em homens e geralmente na mão dominante.
Embora a doença de Kienböck possa surgir mesmo sem causa aparente, conhecer esses fatores contribui para a identificação precoce e para a escolha do melhor caminho terapêutico. A avaliação médica detalhada é essencial para investigar possíveis predisposições e orientar o tratamento adequado a cada estágio da doença.
Os sintomas da doença de Kienböck costumam surgir de forma lenta e progressiva, o que pode dificultar o diagnóstico nos estágios iniciais. O principal sinal relatado pelos pacientes é uma dor persistente no punho, geralmente na parte central ou dorsal, que piora com o uso da mão e durante atividades que exigem força ou flexão.
Em muitos casos, essa dor é confundida com tendinites ou outras lesões leves, o que pode atrasar o início do tratamento adequado.
Além da dor, é comum ocorrer rigidez na articulação, perda de mobilidade, inchaço leve e redução da força de preensão, dificultando tarefas simples como segurar objetos ou girar maçanetas.
Conforme a doença avança, esses sintomas se intensificam, e o colapso do osso semilunar pode comprometer outras estruturas do punho, levando a deformidades e desgaste articular semelhante ao de uma artrose.
O diagnóstico é feito com base na avaliação clínica e em exames de imagem. O raio-X é útil para detectar alterações ósseas mais avançadas, enquanto a ressonância magnética é o exame mais sensível para identificar sinais precoces da necrose avascular.
A tomografia também pode ser utilizada para avaliar detalhes estruturais e o grau de colapso do osso. Esses exames ajudam a classificar a doença em quatro estágios, segundo o grau de comprometimento.
Essa classificação é fundamental para definir o melhor tipo de intervenção, seja conservadora ou cirúrgica.
Reconhecer os sintomas e buscar uma avaliação especializada o quanto antes é essencial para evitar a progressão da doença e preservar a função do punho. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores são as chances de sucesso no tratamento.
A doença de Kienböck é uma condição rara, mas que pode impactar de forma significativa a mobilidade e a qualidade de vida do paciente quando não diagnosticada e tratada precocemente. Por afetar diretamente o osso semilunar do punho, ela compromete funções básicas da mão, como segurar, girar ou sustentar objetos, e tende a evoluir com dor crônica e perda de força.
Conhecer os sintomas iniciais, os fatores de risco e os estágios de progressão da doença é fundamental para buscar ajuda médica no momento certo. Com o avanço dos exames de imagem e a definição clara dos estágios, o diagnóstico tem se tornado mais preciso, possibilitando intervenções eficazes e, em muitos casos, a preservação da função articular.
Se você sente dor persistente no punho ou já sofreu traumas na região, não hesite em procurar um especialista. O acompanhamento adequado e o tratamento individualizado são as melhores formas de evitar complicações e manter a saúde das mãos e dos punhos em longo prazo.